quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Protecionismo dos avançados abre espaço para os emergentes?

Artigo interessante de Lorenzo Bini Smaghi no FT ontem. Refletindo sobre a onda de protecionismo que vem engolindo os países desenvolvidos, o italiano desenvolve dois cenários com base em lições da história.

O primeiro baseia-se no precedente de 1930. Um país fecha aqui, outro retalia acolá, o jogo de soma negativa continua e todos perdem no final. A ameaça de reação dura ao acionamento do tal Artigo 50 pelo Reino Unido pode ser um indício de que o mundo caminha nessa direção.

A sacada está na segunda hipótese, baseada em precedente ocorrido bem antes, no Séc. XV, quando a economia mundial era liderada pela China, entre outras coisas pelos vínculos comerciais mantidos com o resto do mundo. 

Por algum motivo, em determinado momento na metade do século o país decidiu dar um cavalo de pau na globalização. Os fluxos comerciais com o Ocidente diminuíram, esforços para descoberta de novos territórios e mercados foram interrompidos, gringos foram convidados a se retirar e a muralha foi reforçada para manter os mongóis em seu devido lugar. O colega não faz menção ao tamanho do topete do chinês que bolou esta estratégia, mas dá para imaginar algo espetacular.

Diante da política isolacionista da China, ao invés de retaliar, a Europa mudou o eixo de seu comércio em direção ao Ocidente. Tornou-se paulatinamente hegemônica enquanto a China amargou um encolhimento secular que começou a ser revertido apenas há pouco tempo - na esteira de movimento de integração com a economia mundial.

Diante do protecionismo crescente patrocinado por campeões do livre comércio como EUA e Reino Unido, os países emergentes, liderados pela China, podem escolher maior integração entre si. Nada garante que isto ocorrerá, mas o passado sugere que os tropeços recentes dos países avançados abrem uma bela oportunidade para a periferia.

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