Artigo
interessante de Lorenzo Bini Smaghi no FT ontem. Refletindo sobre a
onda de protecionismo que vem engolindo os países desenvolvidos, o italiano desenvolve
dois cenários com base em lições da história.
O primeiro baseia-se
no precedente de 1930. Um país fecha aqui, outro retalia acolá, o jogo de soma
negativa continua e todos perdem no final. A ameaça de reação dura ao acionamento
do tal Artigo 50 pelo Reino Unido pode ser um indício de que o mundo caminha
nessa direção.
A sacada está na
segunda hipótese, baseada em precedente ocorrido bem antes, no Séc. XV, quando
a economia mundial era liderada pela China, entre outras coisas pelos vínculos
comerciais mantidos com o resto do mundo.
Por algum motivo, em
determinado momento na metade do século o país decidiu dar um cavalo de pau na
globalização. Os fluxos comerciais com o Ocidente diminuíram, esforços para descoberta de novos territórios e mercados foram interrompidos, gringos foram
convidados a se retirar e a muralha foi reforçada para manter os mongóis em seu devido lugar. O colega não faz menção ao tamanho do topete do chinês que bolou esta estratégia, mas dá para imaginar algo espetacular.
Diante da política isolacionista
da China, ao invés de retaliar, a
Europa mudou o eixo de seu comércio em direção ao Ocidente. Tornou-se paulatinamente hegemônica enquanto a China amargou um encolhimento secular que começou a ser
revertido apenas há pouco tempo - na esteira de movimento de integração com a economia mundial.
Diante do protecionismo crescente patrocinado por campeões do livre comércio
como EUA e Reino Unido, os países emergentes, liderados pela China, podem
escolher maior integração entre si. Nada garante que isto ocorrerá, mas o
passado sugere que os tropeços recentes dos países avançados abrem uma bela oportunidade
para a periferia.
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